Série: A FÉ QUE AGE
Sermão: Tiago 5:12
Pregador: Pr. Rodrigo Serrão
Jurar ou não jurar, eis a questão!
Introdução
Quantos de nós em nossa infância e
juventude tentando convencer alguém da verdade que estávamos dizendo não
proferimos um: “Eu juro por Deus” ou “eu juro por tudo que é mais sagrado” ou
se você não era muito religioso talvez dissesse “eu juro pela minha mãe morta”?
É comum pessoas se utilizarem de juras
para legitimarem ou darem suporte às suas palavras, tentando fazer com que as
pessoas acreditem neles. Na verdade, o que eles estão dizendo é: “Eu não
sou digno de confiança, mas este ou isto pelo qual eu juro é, por causa dele
confie no que eu digo.”
Na verdade, quanto mais se jura, mas se
revela a falta de palavra de alguém.
Já faz parte do inconsciente coletivo
fazer juramentos. As pessoas já estão tão acostumadas às mentiras, a
desonestidade que se usa o artifício do juramento para se ter alguma credibilidade.
Contudo, Tiago nos diz: Ler Tiago
5:12
Elucidação Bíblica
Mas uma vez Tiago vai falar de um
assunto que envolve a língua e o coração. Em apenas um versículo Tiago
resume como deve ser a palavra de um crente em Jesus.
Tiago está na verdade combatendo um
costume Judeu que havia entrado com toda a força na igreja. Os Judeus
tinham todo um sistema de juramentos e juravam por tudo. Por isso, Tiago,
sendo consistente com toda a sua carta, fala que juramento tem a ver com mente
dividida, tem a ver com coração dividido, tem a ver com desonestidade e tudo
isto pode trazer condenação sobre o crente.
Claro que todo este sistema de
juramento tinha como base a mentira. E a mentira tem o próprio Diabo como
pai.
Tiago então, querendo arrancar este
costume da igreja reitera as palavras de Jesus no Sermão do Monte em Mateus
5:37, “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; pois o que passa daí,
vem do Maligno.”
Para Tiago, o simples sim e o simples
não eram suficientes para aqueles que diziam seguir a Cristo. Isto porque
o que passa disto não é mais baseado na verdade e sim na manipulação da
verdade.
Para Tiago, aqueles que vivem na
verdade, falam a verdade simples e sua palavra tem força. Aqueles que não
vivem na verdade, precisam de artifícios manipuladores para que consigam ser
acreditados.
Mesmo que Tiago não diga a fonte que
origina estes artifícios, Jesus nos diz que eles vem do Maligno. E aí vemos que
algo que fazemos quando crianças não é tão inocente assim, pois, nos acostuma a
utilizar métodos diabólicos em nossa comunicação.
Claro que a posição da igreja deve ser
sempre a busca da verdade. Quando o crente diz sim ele está dizendo sim
para a verdade, quando ele diz não, ele está dizendo não em favor da
verdade. Tudo isto com base no seu relacionamento com o Senhor.
Esta é a distinção da igreja. É
isto que nos diferencia do mundo. A verdade!
E é isto que Tiago está resgatando aqui
nesta passagem. Ele quer mostrar aquilo que nos distingue do mundo.
E para isso ele se utiliza de uma condição, de um ensino, e
termina com uma advertência.
1. Para
resgatar a verdade na igreja Tiago nos dá uma condição
Tiago nos ensina que se quisermos de
fato nos distinguir do mundo principalmente no que diz respeito a falar a
verdade, existe uma condição – não jurar, nem pelo céu, nem pela terra, nem
por qualquer outra coisa.
Agora quando Tiago fala sobre não fazer
estes tipos de juramento, ele tem em mente a profanação do nome do
Senhor. Ele tem em mente o mandamento “Não tomarás o nome do Senhor
teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente aquele que tomar o seu
nome em vão.”
Quando Tiago fala sobre juramentos, ele
está falando da banalização do nome do Senhor. Hoje em dia, também
tomamos o nome do Senhor em vão. Quantas vezes não dizemos “Meu Deus”,
ou “Jesus amado”, ou “Sangue de Cristo tem poder” pelas coisas
mais banais.
Por mais que possa parecer algo
inocente, isto é tomar o nome do Senhor em vão.
Tiago está indo de encontro da
banalização dos votos e juramentos. O juramento dos judeus era dividido
em 3 partes:
1. Era um
teste da verdade;
2. Chamava
Deus para ser testemunha; e
3. Trazia
a punição de Deus se a palavra fosse violada.
Portanto, quando alguém dizia “eu
juro por Deus” esta pessoa estava dizendo: creia em mim, pois
Deus é testemunha do que digo e se não for verdade sofrerei o castigo de Deus.
Contudo, é preciso deixar claro que
Deus não está proibindo o juramento solene ou aqueles juramentos feitos em
poucas ocasiões na vida. O que Tiago está proibindo é a banalização do
juramento ou do voto.
E como eu sei que algumas formas de
voto eram permitidos?
Em Êxodo 22:10-11 está escrito: “Se
alguém entregar a seu próximo para guardar um jumento, ou boi, ou ovelha, ou
outro qualquer animal, e este morrer, ou for aleijado, ou arrebatado, ninguém o
vendo, então haverá o juramento do Senhor entre ambos, para ver se o guardador
não meteu a mão nos bens do seu próximo; e o dono aceitará o juramento, e o
outro não fará restituição.”
Ou seja, se o animal sumisse sem que
ninguém desse sumiço a ele, havia um juramento para que aquele que tomava conta
deste animal ficasse isento de pagar alguma coisa.
Em Deuteronômio 6:13 diz, “Temerás
ao Senhor teu Deus e o servirás, e pelo seu nome jurarás”
Agora aqui está a diferença entre o que
Deus permitiu e o que o homem passou a fazer. Deus permitiu ao homem em
situações singulares em suas vidas, situações solenes, a se utilizar do
juramento para reforçar o que diziam diante de pessoas que não confiavam em
outras.
Deus não permitiu que se fizesse isso
toda hora, todo dia, ou toda semana. São momentos específicos e bastante
limitados.
E se alguém tivesse que fazer uso do
juramento, este tinha que fazer no nome do Senhor.
Isto servia tanto para votos quanto
para juramentos. Deus leva este assunto muito a sério, tanto que ele
avisa em Números 30:2, “Quando um homem fizer voto ao Senhor, ou jurar,
ligando-se com obrigação, não violará a sua palavra; segundo tudo o que sair da
sua boca fará.”
Portanto, a permissão do voto e do
juramento tinha duas qualidades: primeiro, ser em nome do Senhor, segundo,
que aquele que votasse ou jurasse cumprisse de fato o que jurou/votou.
Este era a fórmula Vétero-Testamentária
para este assunto.
Inclusive o próprio Deus fez uso desta
condição para si mesmo: Hebreus 6:13 diz “Porque, quando Deus fez a promessa
a Abraão, visto que não tinha outro maior por quem jurar, jurou por si mesmo”
Em Genesis 22:16 diz, “e disse: Por
mim mesmo jurei, diz o Senhor, porquanto fizeste isto, e não me negaste teu
filho, o teu único filho”
Isto nos mostra que o sistema de
juramento era usado por Deus e pelos homens em algumas ocasiões. Sempre
no nome do Senhor e sempre aquele que jurava tinha que cumprir o seu juramento.
Isto precisa está bem claro. Por
isso, não se preocupe com os votos que você fez em seu casamento, eles são
legítimos porque foi em uma ocasião solene. Preocupe-se sim, se você não
está cumprindo o que você disse. Não se preocupe se você teve que jurar
em uma corte ou tribunal algum dia. Preocupe-se sim, se você mentiu
quando jurou dizer a verdade.
Agora, veja mais uma vez em Tiago o que
ele diz acerca do juramento. Ele diz assim, “não jurem, nem pelo céu,
nem pela terra, nem por qualquer outra coisa.”
Na verdade, ele está combatendo a visão
distorcida dos Judeus que juravam a todo instante e por qualquer coisa na
intenção de não serem achados culpados por não estarem jurando em nome do
Senhor.
Veja até que ponto chega a enganação da
religião. A religião não se preocupa com a essência das coisas, apenas
com a aparência ou neste caso a letra em si. Por isso é que Jesus acusa
os Fariseus de negarem o espírito da lei. E para Deus, é o espírito ou a
essência do que Ele diz que vale.
Os Fariseus queriam encontrar alguma
brecha na Lei para poderem jurar e depois quebrar seus juramentos e mesmo assim
não serem considerados culpados. E como faziam isto? Eles apenas
não juravam por Deus.
Você já ouviu alguém dizer, “eu não
juro por Deus por que jurar por Deus é pecado”. Mas estas pessoas juram pelos
pais, pelos filhos, pelo cachorro, por tudo achando que assim não sofrerão
conseqüências se quebrarem seus juramentos.
Essa mentalidade é Judaica. Os
Judeus pensavam assim. Eles juravam pelos céus, pela terra, pelo templo,
até pelas suas cabeças, para que não fossem julgados quando quebrassem seus
votos.
Então Jesus entra em cena e em Mateus
23:16-22 diz: “Ai de vós, guias cegos! que dizeis: Quem jurar pelo ouro do
santuário, esse fica obrigado ao que jurou. Insensatos e cegos! Pois qual é o
maior; o ouro, ou o santuário que santifica o ouro? E: Quem jurar pelo altar,
isso nada é; mas quem jurar pela oferta que está sobre o altar, esse fica
obrigado ao que jurou. Cegos! Pois qual é maior: a oferta, ou o altar que
santifica a oferta? Portanto, quem jurar pelo altar jura por ele e por tudo
quanto sobre ele está; e quem jurar pelo santuário jura por ele e por aquele
que nele habita; e quem jurar pelo céu jura pelo trono de Deus e por aquele que
nele está assentado.”
Jesus está declarando que não adianta
jurar pelo templo, jurar pelo altar, jurar pela oferta, pois quem jura por
essas coisas jura por Aquele que tem domínio sobre todas essas coisas.
Agora abram em Mateus 5 a partir do
versículo 34. “Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem
pelo céu, porque é o trono de Deus; nem pela terra, porque é o escabelo de seus
pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei; nem jures pela tua
cabeça, porque não podes tornar um só cabelo branco ou preto. Seja, porém, o
vosso falar: Sim, sim; não, não; pois o que passa daí, vem do Maligno.”
Jesus está dizendo que tudo pertence ao
Senhor. Do templo, ao céu, a terra, à cidade, à própria pessoa, tudo é do
Senhor. Qualquer tentativa de se esquivar da responsabilidade do
juramento e da conseqüente punição seria inútil. Aqueles Fariseus que
pensavam em jurar por qualquer coisa para com isso obter algum bem e depois não
cumprir seu juramento achando que ia sair bem diante de Deus, enganavam-se e
traziam condenação sobre si.
Portanto, o conselho de Tiago é: Não
jurem por nada! Pois não há nada que Deus não tenha domínio.
Haverá tempos em que fazer um juramento
ou voto é bom e tem grande valor. Somente em momentos solenes de nossa
vida que devemos fazer isto.
Lembro que no dia do meu casamento com
Adriana, eu e ela decidimos não repetir as palavras do Pastor na hora dos
votos. Queríamos dizer palavras vindas do coração. Eu ainda tentei
memorizar algumas coisas, mas Adriana não. Aquele voto, aquele juramento
foi feito no nome do Senhor, e pela graça dEle eu estou cumprindo e vou cumprir
até o fim de minha vida. Se eu ou Adriana quebrar este voto, estamos
debaixo do justo julgamento de Deus.
Bom, esta foi a condição que Tiago nos
Deus para resgatar a verdade na igreja. Agora, Tiago sai da condição e
entra no ensino.
2. Para
resgatar a verdade na igreja Tiago nos dá um ensinamento
O ensino de Tiago é muito simples, ele
diz, “seja, porém, o vosso sim, sim, e o vosso não, não...”
Não há segredos aqui, o que Tiago está
dizendo é que nosso coração deve estar tão comprometido com a verdade que
nossas ações e palavras demonstrem isso. Um simples sim já dirá para as
pessoas que está se dizendo a verdade, de mesmo modo um não.
Essa deve ser a prática da
igreja. Jesus disse que se não pararmos no sim e no não, o que vier a
partir daí tem sua fonte no Maligno.
Tudo que sair da nossa boca tem que ser
verdadeiro. Toda a nossa conversa, independente de estarmos falando com
uma criança, familiares, amigos, se estamos pregando, tem que se basear na
verdade.
E por fim, Tiago nos dá uma
advertência.
3. Para
resgatar a verdade na igreja Tiago nos dá uma advertência.
No final do versículo Tiago diz,
“para não cairdes em condenação.”
E o que Tiago está tentando advertir
aos seus leitores?
O que Tiago quer dizer é que se eles
não pararem de blasfemar o nome de Deus, através de juramentos falsos e votos
não cumpridos, eles serão condenados ao inferno.
O próprio Jesus diz o mesmo aos
Fariseus no final de seu discurso em Mateus 23:33 “Serpentes, raça de
víboras! como escapareis da condenação do inferno?”
É isso que Tiago está dizendo aos seus
leitores, - haverá condenação para quem permanecer nesta prática.
Deus não suporta mentirosos.
Inclusive porque a mentira tem como pai o próprio Diabo. O Diabo é o
enganador e pai da mentira. Aqueles que vivem nesta prática não podem
esperar outro fim.
A mentira tem seu lugar no mundo.
Inclusive se o mundo passar a dizer a verdade todo o seu sistema entra em
colapso. Este tempo de eleições prova isto mais do que tudo. Todos
sem exceção estão mentindo para conseguir um lugar no poder público. Se
eles falarem a verdade, eles não se elegem.
Mas este não é o sistema da
igreja. Aqui o nosso pai não é o Diabo, é o Deus da verdade. E é a
Ele que devemos seguir e espelhar.
Quando vejo igrejas construindo
toda a sua teologia com base na mentira, quando vejo pastores e membros
envolvidos em mentiras, quando vejo tudo isto e leio o que Tiago diz, não posso
chegar à outra conclusão que é que se eles não se arrependerem eles serão
julgados e condenados.
Em apocalipse capitulo 21, João falando
acerca de sua visão do novo céu e nova terra diz assim no versículo 8, “Mas,
quanto aos medrosos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e
aos adúlteros, e aos feiticeiros, e aos idólatras, e a todos os mentirosos, a
sua parte será no lago ardente de fogo e enxofre, que é a segunda morte.”
Novamente no versículo 27 ele diz, “E
não entrará nela coisa alguma impura, nem o que pratica abominação ou mentira;
mas somente os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro.”
Também no capítulo 22:15 “Ficarão de
fora os cães, os feiticeiros, os adúlteros, os homicidas, os idólatras, e todo
o que ama e pratica a mentira”
Agora entendam que isto não significa
que ficaremos de fora se em algum momento de nossas vidas falamos algo que não
era verdadeiro. Tiago também diz que aquele que controla sua língua em
todos os sentidos, este é perfeito.
O meu ponto aqui é em mostrar que
aqueles que não se arrependerem e pararem de constantemente mentir, esses serão
condenados. A mentira quando praticada como forma de vida leva o seu
praticante ao inferno.
Sim, falaremos coisas que não são
verdades (infelizmente), pecaremos com nossa língua (infelizmente), mas isso
não é o caminho dos nossos corações. Não temos prazer nestas
coisas. Isto será a exceção e não a regra.
Infelizmente vemos mentira por todos os
lados e vemos pessoas se desculpando nesta generalização da mentira como
desculpa para continuar mentindo. Aqueles que receberam a Cristo – o Deus
da verdade, que ama a verdade – mas continuam mentindo, ou não fazem da mentira
a exceção e sim a regra, precisam sondar seus corações e ver se de fato estes
são de Cristos.
Se o nosso Pai é Deus, nossa vida é
marcada pela verdade.
Se nosso pai é o diabo, nossa vida é
marcada pela mentira.
Como sua vida é marcada? Quando falam
de você, como elas se referem?
Vamos orar.
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